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Dólar Hoje (09/12): Moeda Abre em Alta com Incertezas Políticas e Expectativa pelo Fed
Resumo:Por volta das 11h20, o dólar à vista registrava uma valorização de 0,87%, sendo negociado a R$ 5,4679. Na contramão, o Ibovespa recuava expressivos 1,22%, atingindo 156.166 pontos. Esse movimento divergente ilustra um dia de tensão no mercado financeiro brasileiro, pressionado por uma combinação de incertezas políticas domésticas e a expectativa global pela decisão de juros do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos, marcada para amanhã, a chamada "superquarta".

Publicado em 09/12/2025
Abertura da Sessão: Dólar Sobe, Ibovespa Recua
O dólar fechou a sessão anterior em queda de 0,22%, cotado a R$ 5,4207, enquanto o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, registrou alta de 0,52%, aos 158.187 pontos. No entanto, o cenário se inverteu rapidamente nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, com a moeda norte-americana operando em forte alta durante a manhã. Por volta das 11h20, o dólar à vista registrava uma valorização de 0,87%, sendo negociado a R$ 5,4679. Na contramão, o Ibovespa recuava expressivos 1,22%, atingindo 156.166 pontos. Esse movimento divergente ilustra um dia de tensão no mercado financeiro brasileiro, pressionado por uma combinação de incertezas políticas domésticas e a expectativa global pela decisão de juros do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos, marcada para amanhã, a chamada “superquarta”.
Foco dos Investidores: Política Monetária Global e Dados dos EUA
O foco dos investidores está dividido entre dois fronts principais. No plano internacional, há uma ansiosa espera pelos dados do mercado de trabalho norte-americano, como o relatório JOLTS de vagas abertas e a pesquisa de emprego privado da ADP, que servirão como termômetro final antes do anúncio do Fed. A maioria do mercado projeta um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros americana. No cenário doméstico, a política monetária também está em pauta, com o Banco Central do Brasil (BCB) iniciando sua reunião do Copom. A expectativa consensual é de que a taxa Selic seja mantida no patamar elevado de 15% ao ano, com a principal dúvida girando em torno de quando se iniciará o ciclo de afrouxamento: se já em janeiro ou apenas em março de 2026. O presidente do BCB, Gabriel Galípolo, tem reiterado que a condução da política monetária é “embasada em fatos e dados” e que os juros devem permanecer elevados diante de um cenário econômico considerado complexo.
O Peso da Incerteza Política Doméstica
Entretanto, o fator que ganhou destaque e vem adicionando uma camada extra de volatilidade e aversão ao risco nos ativos brasileiros é o cenário político. As declarações e movimentos do senador Flávio Bolsonaro em torno de sua pré-candidatura à Presidência em 2026 têm sido um catalisador de nervosismo. Após sugerir que poderia desistir da disputa mediante um “preço”, o senador afirmou posteriormente que sua candidatura é “irreversível”. Esse vai-e-vem, somado ao apoio público do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que declarou “lealdade inegociável” ao ex-presidente Jair Bolsonaro e respaldou a escolha pelo filho, trouxe a corrida eleitoral para o centro das preocupações do mercado. Na noite de segunda-feira (8), Flávio Bolsonaro reuniu líderes partidários em um jantar em sua casa, buscando apoio formal, mas nenhum compromisso público foi anunciado. A percepção no mercado financeiro é de que uma candidatura da família Bolsonaro tende a fragmentar a direita no primeiro turno, diminuindo a competitividade contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e esvaziando a viabilidade de um nome visto como mais capaz de unificar o bloco e bem-visto pelos investidores, como Tarcísio de Freitas.
Impacto Imediato nos Mercados e Análise de Especialista
O impacto direto dessa incerteza política já pode ser medido nos preços. Conforme análise de Leonel Mattos, da StoneX, os ativos nacionais tiveram desempenho “muito ruim” na sexta-feira passada, logo após Flávio Bolsonaro indicar que fora escolhido por seu pai como candidato. Mattos explica que os investidores estão sensíveis a qualquer sinal que altere a percepção de risco fiscal no país. A nomeação de Flávio é vista como um fator que aumenta a incerteza sobre o futuro quadro político-econômico. O mercado o enxerga como “menos competitivo” do que outras figuras e avalia que a fragmentação do eleitorado de direita poderia aumentar as chances de reeleição de Lula. “Esse cenário de incerteza aumenta a percepção de risco fiscal, eleva a exigência de prêmio pelos investidores e pressiona a taxa de câmbio, movimento que pode continuar até haver maior clareza”, resume o analista. É exatamente essa pressão que se observa na cotação do dólar nesta terça-feira, com os investidores demandando um prêmio maior para manter ativos em real.
Dados Acumulados e o Paradoxo Macroeconômico Brasileiro
Os dados acumulados refletem as pressões recentes. Na semana, o dólar ainda acumula uma leve queda de 0,22%, um resquício do movimento de alívio de segunda-feira. Contudo, no mês, a valorização é de +1,60%, e no ano, apesar de uma queda expressiva de -12,28%, o movimento de alta dos últimos dias mostra uma reversão momentânea dessa tendência de apreciação do real. O Ibovespa, por sua vez, segue com ganhos semanais (+0,52%) e anuais expressivos (+31,51%), mas acumula perdas no mês (-0,56%), indicando uma correção diante das novas nuvens políticas.
No contexto macroeconômico brasileiro, há um paradoxo que tem chamado a atenção do Banco Central. Apesar dos juros elevadíssimos (Selic a 15% ao ano), o país convive com a inflação sob controle e um mercado de trabalho surpreendentemente resiliente. A taxa de desemprego recuou para 5,4% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. Gabriel Galípolo já comentou sobre essa conjuntura atípica, onde variáveis que normalmente caminham juntas se movem em direções inesperadas. Esse cenário, segundo ele, exige uma atuação “mais conservadora” na política monetária, justificando a manutenção dos juros em patamares restritivos por mais tempo, mesmo com a atividade econômica possivelmente sentindo o peso do crédito caro.
Cenário Internacional e Expectativa pelo Fed
Enquanto isso, nos Estados Unidos, as expectativas por um corte de juros amanhã foram reforçadas pelos últimos dados de inflação. O índice PCE de setembro, a medida preferida do Fed, mostrou que os preços básicos subiram 2,8% em relação ao ano anterior, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que era de 2,9%. Esse dado, somado a um cenário de crescimento moderado, dá margem para o banco central americano iniciar ou dar continuidade a um ciclo de afrouxamento monetário. Um corte de juros nos EUA, em tese, poderia aliviar a pressão sobre as moedas emergentes, incluindo o real, ao reduzir o diferencial de atratividade dos ativos em dólar. No entanto, no curto prazo, o ambiente de cautela antes do anúncio e o risco político doméstico mais forte estão se sobressaindo no Brasil, levando o dólar a descolar do comportamento mais estável das outras moedas frente ao dólar americano global.
Panorama das Bolsas Globais e Ação do BCB
No mercado global, o clima é de expectativa moderada. Em Wall Street, os índices futuros operavam com leves altas pela manhã (horário de Brasília), com o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq todos subindo cerca de 0,1%. A notícia de que o governo americano autorizou a Nvidia a voltar a vender chips de inteligência artificial para a China deu fôlego ao setor de tecnologia. Na Europa, as bolsas também operavam majoritariamente em alta, ainda que com movimentos moderados, em sintonia com a espera pelo Fed. Na Ásia, o dia foi de quedas nas bolsas da China e de Hong Kong, após sinais de que não há planos para novos estímulos econômicos no curto prazo.
Para conter a volatilidade e prover hedge ao mercado, o Banco Central do Brasil anunciou a realização de um leilão de swap cambial às 11h30, com 50 mil contratos para rolagem do vencimento de 2 de janeiro. Essa é uma ferramenta usual do BC para fornecer proteção cambial ao mercado e suavizar movimentos bruscos, como o visto nesta manhã.
Breve Nota Sobre o Euro
O euro, outra moeda de referência, abriu o dia com cotação de R$ 6,22. A moeda europeia, utilizada por 20 países da Zona do Euro, tem seu valor influenciado por dinâmicas diferentes, mas também sente os efeitos das decisões de outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE), que se reunirá na próxima semana. Sua trajetória histórica, desde seu lançamento em 1999, mostra uma moeda que busca consolidar sua posição como alternativa de reserva global ao dólar.
Conclusão: Uma Tempestade Perfeita de Fatores
Em síntese, a cotação do dólar em real nesta terça-feira, 09 de dezembro de 2025, é o reflexo de uma tempestade perfeita de fatores locais e externos. A iminente decisão do Federal Reserve cria um ambiente global de wait-and-see (esperar para ver). No entanto, é a incerteza política doméstica, gerada pela pré-candidatura de Flávio Bolsonaro e suas implicações para a fragmentação da direita e o risco fiscal futuro, que está atuando como o principal motor da desvalorização do real e da alta do dólar no dia. Os investidores, avessos ao risco, buscam refúgio na moeda norte-americana enquanto não houver clareza sobre o cenário eleitoral brasileiro para 2026. A atuação do Banco Central com seus instrumentos de política cambial e a decisão do Copom de amanhã serão observadas com lupa, mas a volatilidade deve permanecer elevada até que o quadro político nacional apresente contornos mais definidos e estáveis.

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